Para ler com calma
Livros de ficção para homens héteros, a roupa das atletas nas Olimpíadas e a ilusão da bailarina da fazenda
Por Luíza Feniar Migliosi
O fluir da vida em meio ao tempo das incertezas. Tudo que mergulha fora da realidade conhecida e se torna o brilho do desejo. Queremos tanto o que os olhos mostram - sem nunca ter encontrado? Apenas uma coleção de tentativas na busca pelo instante que merece viver.
Homens héteros não gostam de ler ficção?
“Esta ideia do homem hiper capitalista sem tempo para algo tão “inútil” como a leitura começou a criar raízes na era vitoriana. No século XIX, a leitura de romances desenvolveu uma reputação de atividade frívola e feminina, à medida que as mulheres burguesas, presas na esfera privada, começaram a ler brochuras que rasgavam o corpete como passatempo.”
Por razões históricas e culturais, os homens heteros que apreciam um bom livro de ficção se tornaram criaturas raras. A leitura sempre foi uma forma de entender a sociedade, ampliar o ponto de vista e mergulhar em novos conhecimentos, mas foi taxada como uma tarefa feita apenas por quem “tem tempo para gastar” - o que era destinado às mulheres antigamente. Com todas as mudanças sociais, a masculinidade passou a ser algo tão abstrato que a nova geração de homens têm certa dificuldade de admitir, incluindo o gosto pela literatura. A matéria da Dazed Digital aprofunda os pensamentos sobre os livros que tomam cada vez mais espaço nos debates.
Para quem são as roupas femininas nas Olimpíadas?
“Além de se sentirem sexualizadas, as jogadoras sinalizaram que as roupas dificultavam a performance e a movimentação. E havia um plus: o tecido era transparente.”
Com as Olimpíadas começando, um assunto sempre ganha os holofotes: a moda. Mas e quando não é por algo positivo? Os uniformes femininos refletem opressões cada vez maiores - e são apenas a ponta do problema. Justos, curtos e desconfortáveis, não são realmente feitos pensando apenas na mobilidade e dinâmica do esporte. Sem contar no que a simbologia da feminilidade significa para uma atleta, que, mesmo empenhada em exercer a sua habilidade, precisa ser colocada em uma redoma de beleza e delicadeza para conseguir patrocínio e atenção no evento. A cronologia feita pela revista Elle Brasil ajuda a entender as raízes e consequências do uniforme para as atletas.
Bailarina da fazenda é uma ilusão?
“Meu objetivo era a cidade de Nova York. Saí de casa aos 17 anos e estava tão animado para chegar lá, simplesmente adorei aquela energia. E eu seria bailarina. Eu era uma boa bailarina.”
Uma avalanche de opiniões tomou conta da internet depois que a influenciadora com nove milhões de seguidores não parecia levar a vida que a tinham denominado na realidade virtual: uma esposa e mãe de oito filhos feliz com a sua decisão. Conhecida como “Ballerine Farm”, Hannah Neeleman é uma norte-americana que mostra um estilo de vida bem tradicional, com comidas feitas em casa, uma fazendo enorme em uma área rural e uma vida familiar com ensinamentos religiosos. Mas bastou expor alguns fatos sobre sua vida para tudo ser questionado. Sonhando em ser bailarina, Hannah teve seus planos alterados quando engravidou do marido, o filho de um bilionário das linhas aéreas, e, no final, parece que a única que fez concessões foi ela - inclusive, levantando dúvidas sobre a escolha para tomar uma anestesia epidural durante o parto. A matéria da revista The Times entrevista essa família e debate sobre as construções sociais do movimento feminista.
Pacto da Branquitude
“Um pacto de pessoas que naturalizaram que o mundo funciona para elas, e funciona bem. Se estão nessa condição de uma certa superioridade econômica, social e financeira, é porque merecem.”
Referência em estudos sobre as relações raciais, Cida Bento coloca em evidência uma construção social baseada em um pacto narcísico da branquitude. Eleita pela The Economist uma das 50 pessoas mais influentes do mundo no campo da diversidade em 2015, a especialista debate a história do Brasil e os reflexos dos privilégios até os dias atuais. A entrevista para a revista Marie Claire Brasil aprofunda os seus pensamentos e visões.
Cool Drops
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Com Spoiler
Quem indica um livro pelo trecho é a empreendedora, Tatiana Loureiro.
“Sei que é frustrante quando a vida produz os mesmos resultados negativos. Porém, enquanto você for a mesma pessoa, enquanto a sua assinatura eletromagnética permanecer a mesma, você não pode esperar um novo resultado. Mudar sua vida é mudar sua energia - fazer uma mudança elementar em sua mente e emoções. Tem que quebrar o habito de ser você mesmo e reinventar um novo eu. Mudança exige coerência: alinhe seus pensamentos e sentimentos.”
Quebrando o hábito de ser você mesmo, Joe Dispenza